Um guia de turismo testemunhou um momento impressionante no Pantanal Norte, em Mato Grosso: uma sucuri-amarela (Eunectes notaeus) predando uma garça-branca-pequena (Egretta garzetta). O registro raro foi feito durante uma expedição de observação de aves.
O guia relatou que o evento ocorreu após ouvir um alvoroço incomum de jaçanãs. Intrigado, ele rapidamente preparou seu equipamento de filmagem e começou a gravar a cena, admirado com o que presenciava.
De acordo com um herpetólogo, as sucuris são serpentes semiaquáticas que adotam a tática de “senta e espera” para caçar. Elas permanecem imóveis na água, aguardando o momento ideal para atacar, conservando energia e minimizando o risco de serem detectadas por predadores.
A anatomia das sucuris, com olhos e narinas localizados na parte superior da cabeça, permite que elas se mantenham praticamente submersas, expondo apenas a ponta do focinho para respirar, o que dificulta sua identificação tanto para presas quanto para predadores.
As serpentes identificam suas presas através do olfato e da percepção de movimentos na água. Suas narinas ficam expostas, e elas usam a língua para captar odores e obter informações sobre o ambiente ao redor.
O ataque é rápido e preciso: a sucuri projeta o pescoço, morde a presa e a arrasta para a água, envolvendo-a imediatamente com seu corpo em um abraço mortal. Esse processo de constrição impede a expansão dos pulmões da vítima, causando a morte por asfixia. A quebra dos ossos é uma consequência da força exercida.
A digestão da presa varia de acordo com o tamanho do animal e a temperatura do ambiente. Aves como a garça, por serem leves e terem muita plumagem, são digeridas relativamente rápido, em um período de três a quatro dias.
Por serem ectotérmicas, as sucuris dependem do calor do sol para acelerar o processo digestivo. No entanto, a garça oferece pouco valor nutricional, e pode não ser suficiente para sustentar a serpente por um longo período. A dieta das sucuris é variada e inclui peixes, jacarés, aves, mamíferos e lagartos.
As sucuris são predominantemente diurnas e passam a maior parte do tempo na água ou na vegetação próxima às margens dos rios. Após se alimentarem de uma presa grande, elas tendem a permanecer imóveis e camufladas para evitar predadores. Se forem perturbadas com o estômago cheio, podem regurgitar o alimento para facilitar a fuga e a defesa.
Fonte: g1.globo.com
